terça-feira, 3 de junho de 2008

Com a mão na taça

Rodrigo Silva de Paula


O basquete brasileiro vive momentos de grandes desafios e uma profunda falta de confiança na opinião dos principais comentaristas do esporte no Brasil. Mas em pelo menos um endereço no país ninguém quer ouvir falar de qualquer coisa que não seja comemoração e boas expectativas.

Depois de vencer as duas primeiras partidas da final melhor de cinco no Rio, Flamengo e Universo/Brasília seguem para o Planalto Central onde o time da Gávea pode conquistar o seu primeiro título nacional da modalidade.

Além do desempenho nas últimas partidas, as estatísticas também estão a favor do time carioca. Nunca na história dos playoffs finais um time que abriu 2 a 0 de vantagem nas terminou derrotado por 3 a 2.



“Seria um título histórico. Apesar de não coroar uma filosofia de trabalho e se tratar de um campeonato que deixou evidente todas as chagas que afundaram o basquete brasileiro nas últimas décadas”, afirma o antropólogo e peladeiro – e “rubro-negro fanático” – Antonio Ribeiro.

“Não deixa de ser uma conquista. Mas sejamos justos com a história e lembremos que esse é um dos campeonatos de índice técnico mais baixo da história do basquete”, avalia o ex-jogador Norberto Gama. “Não duvido nada que o time do Flamengo se dissolva após o campeonato”, desaponta-se Norberto, ala titular da Seleção Carioca na década de 60.

A desilusão dos fãs do esporte não cruzou apenas a barreira da preferência clubística e geração. Ex-comentarista do poderoso campeonato universitário de basquete norte-americano, o jornalista canadense Martin Parker estava inconformado na saída do Maracanãzinho após a segunda vitória rubro-negra.


“A torcida realmente se envolve com a partida, mas o nível técnico dos jogos é muito fraco”, afirmou o jornalista que mora em Toronto e está no Brasil participando de um programa de intercâmbio universitário.

Parker não acredita que o time liderado por Marcelinho terá grandes dificuldades para fechar a série em no máximo quatro partidas. “A disparidade entre as equipes é muito gritante e o nível técnico decepcionante”, criticou.

Mas o que mais o impressionou foi a falta de infra-estrutura do esporte no país, sobretudo quando comparado a visinhos latino-americanos como a Argentina e Venezuela.

“Parece que os organizadores sabotam o esporte”, arriscou Martin Parker, com uma precisão de fazer inveja ao time do Flamengo, que acertara apenas 52% dos seus arremessos de quadra.
Links:
Confederação Brasileira de Basquete: www.cbb.com.br

Nenhum comentário: