terça-feira, 10 de junho de 2008

Edinanci Silva, a última chance de uma guerreira


Luiz Henrique


Nesses 3 meses em que temos abordado um pouco desse mundo do judô brasileiro, extremamente envolvente mas, infelizmente, pouco divulgado, não poderíamos deixar de mencionar o papel das mulheres que estão em busca da primeira medalha olímpica nos jogos de Pequim, daqui a dois meses.

Nunca tivemos uma seleção feminina tão bem preparada. Como mencionamos na postagem anterior, a tecnologia veio para ajudar todo o trabalho técnico. O grande destaque da equipe, é a judoca Edinanci Silva que vai para a sua quarta e possivelmente última Olimpíada.

Depois de uma infância pobre em sua terra natal na Paraíba, ela começou a se envolver com o judô aos 15 anos. Na Olimpíada de Atlanta em 1996, passou por um momento muito difícil e delicado, quando teve que comprovar a sua feminilidade através de testes de laboratório. Logo depois, em 1997, conquistou a primeira medalha brasileira feminina em um mundial de judô. Na Olimpíada de Sidney em 2000, uma séria contusão no joelho prejudicou o seu rendimento na competição e a obrigou a operá-lo em 2001. Em Atenas/2004, Edinanci estava muito bem preparada mas ficou fora do pódio.

Agora aos 31 anos, em Pequim, a bi-campeã Panamericana se encontra na melhor forma e vai partir para o tudo ou nada em busca da tão desejada medalha.

Links importantes sobre os assuntos:

Informações sobre Judô -
Academia Projeção -http://www.blogger.com/www.academiaprojecao.com.br
The Original Judô Information Site -
www.judoinfo.com
Vídeos de judô -
http://judopi.vilabol.uol.com.br/video.htm

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Um comentário:

Denilson Cardoso de Araújo disse...

Edinanci Silva perdeu a medalha. Viva Edinanci! A judoca que espelha toda a dor da existência, nas humilhações que, humilde, sofreu. Viva Edinanci, a paraibana que perdeu a medalha. Se ganhasse, justo seria, em nome do esporte. Talvez, ali, se premiasse a mulher brasileira que melhor honrou os verdes-áureos tatames. Mas Edinanci sai da sua quarta olimpíada despida de pódio e medalhas. A mim, que a admiro, isso não diz nada. Não que não tenha torcido, mas se ganhasse, seria até uma contradição. Edinanci perder a medalha faz coerência na sua vida trágica. A mulher humilhada porque um corpo diferente, a sua feminilidade extremada habitava. A mulher mestiça, espiada de lado, a mulher em que a crueldade alheia lhe punha cochichos nos rastros. A mulher pobre que agarrava o destino pelo quimono e que após o seu próprio tombo, se levantava sempre e atirava o destino no chão. E assim, de queda em queda, Edinanci distribuiu ippons na descrença e na solidão. Quando menos se esperava, lá estava ela, a judoca de cara em pedra suave talhada, com seus dedos de aço, buscando pela manga o destino. Edinanci, a que gosta de cantar e tocar violão. Edinanci, a que se apaixona e que apesar de tudo carrega doce nos olhos. Viva Edinanci! Medalhas, por aí, muitas há. Ela mesmo as tem, e das grandes. Mundiais, pan-americanas. Mas Edinancis, serão poucas. Que o Silva que carrega em seu nome nos sirva de exemplo, neste país de silvas imperfeitos, que têm que lutar diariamente contra preconceitos, carências, lacunas e abandonos. Edinanci tem o meu coração torcedor por medalha. Porque sei que seguirá lutando. Seres que lutam, sempre, por toda a vida, Brecht já os distinguiu. São os que importam.
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Denilson Cardoso de Araújo
Teresópolis (RJ)
denilson_araujo@uol.com.br