terça-feira, 20 de maio de 2008

Um desafio à altura do prêmio


Rodrigo Silva de Paula

Quantidade ou qualidade? Considerado o paraíso das pistas de concreto por muitos skatistas do Brasil, o Rio de Janeiro não passa no teste mais apurado de suas curvas e inclinações.

Proibidos pelos vizinhos de reclamar da infra-estrutura para a prática do esporte – em virtude do grande número de pistas na cidade – o carioca vive um desafio tão vertical quanto horizontal: promover uma mobilização para que os praticantes assumam a responsabilidade pela manutenção das pistas na cidade.

O engenheiro e skatista amador Paulo Mello Gama lamenta que as obras de manutenção e conservação tenham que aguardar a ação do poder público para acontecer. “Isso sempre demora mais do que o possível e muito mais que o desejável”, lamenta.

“Infelizmente os próprios praticantes não se articulam, o que é uma característica da sociedade brasileira em praticamente todos os setores. Não existe mobilização. Nem mesmo para reivindicações simples como colocar concreto nos buracos de uma pista”, afirma.

Paulo foi criado em Santiago e conta que na capital chilena os skatistas procuravam os comerciantes na região das pistas e pediam patrocínio para executar a manutenção, em troca de uma pequena publicidade em grafite. “É uma atitude simples, eficaz e edificante para todos”, explica o engenheiro.

Também com experiência internacional, o estudante de produção musical e skatista João Marcelo Gomide, tem dificuldades de exercitar a paixão pela quatro rodinhas quando vem ao país natal.

“É contraditoriamente muito difícil praticar skate no Brasil. É uma pena, pois o país tem todas as condições para ser um celeiro do esporte, ao invés de ter alguns bons skatistas. Aqui existem as condições ideais para praticar o ano inteiro, o que deveria ser considerado uma dádiva”, conta João Marcelo que mora em Auburn Hills, um subúrbio de Detroit, nos EUA.

Ele explica que durante o período de inverno no estado de Michigan a prática do esporte fica completamente inviabilizada.

Apesar dos desafios climáticos sazonais, a quantidade de praticantes é equivalente à do Rio de Janeiro, que tem problemas e tamanho proporcionais à região da Grande Detroit.

“Mas se aparece um buraco insignificante na pista ele é consertado imediatamente pelos próprios usuários da pista, que dividem os gastos e a mão de obra eles mesmos”, explica.

Apesar de serem de gerações diferentes, Paulo e João Marcelo concordam o envolvimento dos skatistas com a conservação de seus santuários é uma atitude que além de só trazer benefícios, combina com a natureza do esporte. A sonhada manobra perfeita.



Links


Pistas de skate no Estado do Rio: http://www.faserj.com.br/

Dicas sobre manutenção de Half Pipes: http://www.rickdahlen.com/pipepix/halfpipe.html

Tutorial para a construção de Half Pipes de Madeira: http://www.xtremeskater.com/minihalfpipeplans/



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